A POLÍTICA É UM POEMA MAL RIMADO
Viva o Brasil
Onde o ano inteiro
É primeiro de abril!
( Millôr,o
inesquecível)
A política não é poética e nem ética, mas, no Brasil de hoje,ao menos é
profética,embora,pouco sintética.
Agora mesmo,passa pela minha
rua,quase sempre tranquila,um carro de som aos berros,louvando ,num blá blá blá
dissonante e sem sentido, os dotes de um candidato a vereador;se essa rua
realmente fosse minha eu não mandaria ladrilhar com pedrinhas de brilhante,mas com
paralelepípedos,que pudessem ser atirados no carro e no dito vereador
barulhento!
Já repararam que em tempo de guerra e de política a mentira cresce,
se espalha e nunca fenece?
Se todos esses impolutos candidatos que depois viraram líderes
fizessem o que prometeram antes de
sufragados (ui!) nas urnas esse país seria o xangri-lá, terra da
prosperidade,da felicidade e uma eterna primavera,onde jorraria leite e mel. Mas,a
política corrompe e nunca transforma o mau em bom;antes ,corrompe os bons e
engrossa a facção dos maus.Assim que eleito,ao se aproximar o tão sonhado dia
da posse,as boas intenções desaparecem ,cai a
máscara da face e o candidato,agora eleito e bem empregado por quatro
anos,desdiz tudo o que disse,adota outra
forma de pensar e vai em frente,na maior cara de pau.
Dizem que a política é a mais antiga das profissões,desbancando
aquela que já sabemos.
Os partidos se digladiam entre si,um fala mal do outro,desenterra
erros,põe os podres para fora,o miasma empesteia a cidade,o estado ,o país.Como
nesta profissão não tem santos,haja podres para mostrar aos pobres
eleitores,mais perdidos que cego em tiroteio.
Esse animal político,uma
variedade do “homo sapiens”, está acostumado a engolir sapos e não ter dor de
barriga,engolir humilhações todos os dias,tudo em nome do poder,a ser xingado,execrado,ofendido sem mexer um
músculo,pois,sabe que terá direito á
réplica e devolverá em dobro
todas as ofensas recebidas.Camaleônico e invertebrado,aceita todos os
credos por não ter nenhum,apoia todas as causas porque lhe são indiferentes
,arranja sempre uma saída honrosa para explicar a desonra ,pisa nos amigos,mas,pede desculpas,pisa nos
inimigos,mas,pede desculpas ,também,porque o desafeto de hoje é o aliado de
amanhã, corre assim que ouve falar que o circo pegou fogo, tem uma espinha
dorsal maleável ,que se dobra com
frequência ante os mais fortes, come buchada de bode e bebe uma cachacinha ,
beija criancinhas encatarradas e aperta mãos honestas,mas, calosas,é está sempre
disposto a mudar sua biografia. Pensa seriamente em diminuir as diferenças
sociais distribuindo bens, começando
sempre pelos parentes,claro,pois é um homem de família,temente a Deus e de olho
no cabo eleitoral,capaz de lhe garantir a prosperidade tão sonhada.Para o
político o fato tem sempre muitas versões.Todas a seu favor!
Pois é,ele está sempre tão ocupado em salvar o país que,muitas
vezes,nem tem tempo de ser honesto.
Porque em vez do voto a favor não inventamos o voto contra? Venceria
o que menos voto tivesse .Não é uma boa ideia?
UM TEXTO DE MIRIAM SALES
CAIPIRA MINEIRO
Quem , como eu,já foi vendedor externo,tem muito
causo prá contar;alguns,bem engraçados,outros,além do humor que diverte,traz
também lições que a gente aproveita.Este caso,foi um deles.
Numa cidade do interior de S.Paulo.com uma economia
sólida baseada na agricultura , havia,como não podia deixar de ser,uma grande
concessionária de implementos agrícolas.tratores,caminhões,máquinas as mais
modernas e diversas para ajudar os agricultores.O gerente dessa maxi-loja
gostava de ler e ,indicada por um amigo comum,marquei uma entrevista com
ele.Marcada para as 10hs cheguei ás 9.30,pois o bom vendedor nunca deixa o
cliente esperando.Sentei-me nas confortáveis cadeiras do saguão,onde bundas
trocentas vezes mais poderosas que a minha,sentavam para realizar negócios
milionários,peguei num jornal e fiquei esperando a minha hora.Aí,vi o
caipira.Chegou de mansinho,com seu chapéu de palha meio desconjuntado,uma
alparcata de couro,mal cheirosa e uma calça surrada.Encaminhou-se para os
possantes caminhões International-Harvester e começou a examiná-los.Apesar de
haver bem uns cinco vendedores disponíveis no salão,ninguém se aproximou
dele.Cansado de olhar sozinho.o velho dirigiu-se a um deles, engomadinho , com
cara de quem tem o rei na barriga,cheio de empáfia,O velho perguntou o preço do
veículo.Do alto da sua imponência,o vendedor respondeu:
-Muito caro.
-Sim,mas quanto?
O vendedor citou uma quantia com muitos zeros e o
velho falou , sereno.
-Quero dez.
Espantado , o moço começou a rir,chamou um colega,comentou
qualquer coisa,riram ambos e disseram;
-Ninguém merece! Olha o que me aparece nessa
sexta-feira.
O velho insistiu que queria ver o gerente. Irritado
o vendedor falou:
-Não pode.Está ocupado.E,apontando prá mim:-essa
moça está esperando.
O caipira atravessou o salão , abriu a porta onde estava escrito
GERENCIA,em letras pretas e entrou.O colega comentou com o vendedor
engomadinho:-Será que vai comprar alguma coisa?e,riram.O velho saiu da sala da
gerencia,a tempo de ouvir o vendedor falar para o colega:-
-O caminhão que ele comprar , embrulho para
presente.
Logo surgiu o gerente,solicito,ligeirinho,mostrou
os caminhões,o velho escolheu,o gerente foi fechar a venda,pois,já havia
acionado o Banco do Brasil,e,já sabia com quem estava lidando.Quase na mesma
hora,o gerente do Banco do Brasil.chegava com um segurança,empunhando uma pasta
007.O velho,um dos maiores plantadores de soja de toda a região,que,quase nunca
aparecia em público,comprou á vista,os dez caminhões.Antes de ser posto no olho
da rua,o vendedor bonitinho teve que embrulhar todos os dez,para presente.
OS REIS DO RISO
Nossa literatura sempre teve grandes humoristas,talvez
pela própria alma do povo que,nesta mistura fantástica que o originou,foi
herdando dos seus ancestrais essa verve,essa ironia,esse “bate – pronto”
e,principalmente,esta capacidade de rir de si mesmo e dos outros.O certo é que
o humor brasileiro não perdoa nada nem ninguém.
Dizem que o povo português é triste,mas,ele apenas tem
um “sense of humour” diferente do nosso,mais contido
e,sobremaneira,irônico.Vide Eça,Bocage e os trovadores populares,os anônimos
poetas das aldeias que nos legaram as trovinhas e os adágios.
Nosso humor é fino, ágil, escatológico e escabroso.Ri de tudo ,mas,seus alvos
preferidos são os ditos “diferentes”,que hoje se torna politicamente incorreto
criticar. Antes ria-se dos cornos,das
bichas,do casamento,da sogra,dos padres,das freiras,da religião,do céu,do
inferno,do vizinho,dos gordos,dos magros,dos feios,dos políticos e até da
vida.Hoje só restaram os políticos para se bater.Puta merda! Daí esteja tão
difícil fazer humor e,se Chico Anísio ,
Max Nunes e Millôr nascessem hoje
provavelmente não escreveriam as pérolas
do humor escroto nacional que nos legaram.Reverencio todos os bons humoristas
do passado:Barão de Itararé,meu ídolo inconteste,os supra –citados Max,Millôr,Anísio,mas,acima
de tudo,reverencio os anônimos,aqueles que soltam pérolas na Internet e ninguém
sabe de quem foi a autoria.Como a esperança e a sogra são as últimas que
morrem, fico esperançosa de que o humor brasileiro não desande como canjica ruim
,nem se acabe.Talvez,apenas,não tenha nome.Aliás, Millôr já dizia que o humor é
a vitória de quem não quer concorrer.E eu acrescento,nem ser processado.
Estamos voltando á Idade das Trevas onde se dizia
“muito riso é sinal de pouco siso”?
Receio que a vida dos humoristas vá ficar cada dia mais difícil.
Mas,pessoal de risco ,fique tranquilo,o humorista nunca
atira para matar.
Lua de mel complicada
As gêmeas eram
realmente lindas!
Os dois rapazes
apaixonaram-se por elas num segundo, e, seis meses depois, estavam se casando.
As garotas eram tão
idênticas que a própria mãe só lhes
distinguia pelo temperamento ;eram completamente diferentes:uma era
assanhada,adorava baladas e noitadas,namoradeira que só,sempre monitorada pelo
pai,para evitar o pior.
Foi um alivio,quando
ela comunicou o casório! O noivo de Lucy, a sapeca, gostava dela assim mesmo,
e, juntos saíam pras baladas onde farreavam
até o raiar do dia.
A outra era calada,
tímida, muito religiosa, saía pouco e sempre acompanhada dos pais detestava
festas e adorava uma boa leitura.
O noivo de Dora, bancário, sisudo, respeitável -
parecia feito para ela - frequentava
a igrejinha do bairro, onde organizava quermesses para angariar dinheiro para
caridade.
A festa do casamento foi magnífica,o pai não
economizou nada,havia muitas flores,um buffet magnífico,com doces saborosos e
whisky honesto.Lá para as tantas,os noivos,ansiosos,retiram-se para o hotel de
luxo onde passariam a noite de núpcias,depois viajariam para o Taiti,”comme il
faut”. Lua de mel,presente dos padrinhos,gente endinheirada,com acesso fácil ás
benesses do poder.Os noivos recolheram-se e,daí há exatos quinze minutos,bateram,
na porta de Lucy,com visível urgência.era Ricardo,o noivo de Dora,todo sem
jeito,desculpando-se muito,mas,o assunto era grave:depois que chegaram ao
apartamento,ele e Dora,ajoelharam-se para rezar,pedindo as bênçãos do céu para
o matrimonio,quando descobriram o erro terrível.
A noiva não era
Dora,era Lucy;então,veio correndo,para realizar a troca.
O noivo de Lucy,então
disse prá um Ricardo,atônito:
Impossível
trocar;aqui,ninguém rezou...
OS AMANTES
HISTÓRIA DE UM AMOR A TRÊS
Desde cedo ela andava muito inquieta; mirava a porta do
terraço,sempre fechada e reparava nas janelas gradeadas.
Ele a observava ,discretamente,com um olhar sonso.
O Outro apareceu perto
das janelas, sua gravatinha vermelha,brilhando no sol da manhã.Marcou presença
com um ruído.
Ela assanhou-se toda e correu para a janela ,na copa,onde a
mãe tomava seu café.Ele,grande,forte,bonitão,correu atrás e subiu no parapeito
onde ela já estava,posicionada para saltar os obstáculos. Trocaram um olhar,o
dela ,meio culposo,ele,severo.O Outro,aguardava,ansioso.
A mãe,puxou – para dentro,ela resistiu,mas,saiu para o
terraço.Ele,acariciou-a ,enquanto os filhos corriam e saltavam,despreocupados.
De repente, o Outro apareceu,do nada.Ele levantou-se e o
atacou,ferozmente,ânsia de campeão.
A mãe o ajudou a escorraçá-lo.
O Outro correu,saltou a janela e ficou a resmungar,no telhado.
Ela,deitou-se e começou a amamentar os filhotes.
Gata Manchinha e Gato Dondon fizeram as pazes.Sempre!
A COBIÇADA
ELES SÃO TAAÃO FOFOS,NÃO SÃO?
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