terça-feira, 25 de outubro de 2011







UM OLHAR SOBRE OLINDA
“Olinda,cidade heróica
Monumento secular
Das  velhas gerações...”
                    (canção de  Capiba )

Ao chegar no Alto da Sé  é difícil não exclamar como   Duarte Coelho,primeiro donatário:
-Oh,linda  situação para se construir uma vila...
Quinhentos anos depois ela continua  linda.E,eterna!
Apaixonado,o fidalgo fez de tudo pela menina Olinda.Construiu engenhos,desenvolveu a agricultura,desenvolveu um livro de Tombo e a tornou vila.Construiu num  prédio doado pelo primeiro Bispo de Olinda,a casa da  Câmara do Senado,depois palácio episcopal,que ainda existe e pude visitá-lo.
Olinda foi sede do governo de Pernambuco ,porém,devido á localização  ideal para defesa, foi incendiada pelos holandeses que a ocuparam e a capital foi transferida para Recife.
Considerada pela UNESCO Patrimônio Cultural da Humanidade,Olinda é uma cidade cultural e um núcleo estudantil.Desde 2010  hospeda a FLIPORTO,festa da Literatura,em Pernambuco.
Povo festeiro pela própria natureza,o Carnaval de Olinda é famoso,com seus bonecos gigantes,seus cordões e mascarados.
Comecei meu passeio pela parte alta,o Centro Histórico,com seu casario colonial,suas igrejas centenárias e parando para apreciar seu artesanato deslumbrante.Parei nas barraquinhas de comida,posei com violeiros e cantadores,entrei nas igrejas e ,do alto,vislumbrei a casa de Mauricio de Nassau.
Na Sé de Olinda pude ver um velho sino todo em bronze,cujo peso,(duas toneladas ) e tamanho me deixou impressionada.
Imagens barrocas ,como a de Nossa Senhora das Dores e de São Miguel,chamam a atenção pela beleza e antiguidade,mesmo para quem vem de Salvador,com suas 365 igrejas,uma para cada dia do ano.
Sentar no alto do morro e olhar a paisagem desta cidade verdemar;imaginar a vida naqueles tempos,os sustos ,as lutas e os poucos momentos de lazer,tendo as igrejas como única distração.
Gosto das cidades antigas ,das velhas casas pejadas de lembranças ,da sensação de pisar o mesmo chão que os heróis do passado e as sinhazinhas também pisaram.
Gosto de imaginar  estórias,relembrar fatos estudados,a luta de Matias de Albuquerque contra os holandeses,sua força inquebrantável.
E os sermões de Dom Marcos Teixeira exortando o povo para a luta:
-“De Olinda a Holanda,há uma simples troca de letras...”
O que seria do escritor se não fosse a imaginação.
Ao ver um gringo muito alto e muito louro,munido de uma câmera com a qual,avidamente, fotografava tudo,o imaginei holandês e resmungando  baixinho  com seus botões:
-Raio de gente incompetente esses meus antepassados.Tinham as armas,tinham os navios,tinham o dinheiro e,mesmo assim se deixaram derrotar.
Klootzak!


          IMAGENS & TRAVESSURAS

                    CASARIO COLONIAL





MAMULENGOS





TRÊS CANGACEIRAS DE  ARAQUE: ANA,MIRIAM E ANDRÉA



HORA DE ENCHER A PANÇA



CIDADE VERDEMAR


NÃO É MESMO OH,LINDA?



IMAGEM BARROCA SEC.XVII


O FAMOSO SINO DE BRONZE,VELADO POR SÃO MIGUEL

A SÉ DE OLINDA


VIOLEIROS CANTADORES
QUE CANTARAM PARA MIM.
COMO NÃO QUERER VOLTAR,
SENDO TRATADA ASSIM?!

CASA DAS ARTES

ARTESANATO DE PRIMEIRA É NO IMAGINÁRIO


POSE NO IMAGINÁRIO

VOU JUNTAR DINHEIRO
PARA EM FEVEREIRO
COMPRAR ESSE BANCO
DOS MEUS ENCANTOS.
DIOGO, GUILHERME,
ME AGUARDEM...




VISTA DE OLINDA 
NUNCA É DEMAIS!


CASA DE MAURÍCIO DE NASSAU


...E O CARNAVAL!



Boa oportunidade para visitar  Olinda
De 11 a 15/11 ela será sede da FLIPORTO.Festa Literária de Pernambuco.
Atrações Internacionais.







sábado, 15 de outubro de 2011

AVENTURAS E DESVENTURAS DE UMA PROFESSORINHA


“As coisas estão no mundo,só que é preciso aprender...”
                                          Paulinho da Viola

Minha mãe,formada pela Escola Normal,aos 17 anos,cismou de ensinar no interior da Bahia,isso na década de 30,quando Lampião,o rei do cangaço,aterrorizava o sertão.
Meu avô materno,homem extremamente conservador,nem queria ouvir falar nisso,mas,não sei como,minha mãe,frágil,tímida,mignon, ,muito obediente,conseguiu o consentimento.
Assim,ela e minha avó,tomaram a “Maria Fumaça”,na estação da Calçada,rumo ao seu destino,a cidade de Jacobina,lá onde o diabo perdeu as botas e o vento faz a curva,como se diz.Três dias para chegar em Jacobina,com baldeação em Santa Luz;e mais um para chegar em Miguel Calmon,remota cidade do interior,perdida nos tempos ,além de mais um dia á cavalo,até a Fazenda Brejo Grande,reduto dos Oliveira,ponto final dela.
Meu avô, Antonio Jerônimo,sabedor da vinda da “fessorinha”,não poupou esforços para buscá-la,lá na Sede.Escolheu o melhor cavalo,manso,bom de trote,que seria a montaria das recém-chegadas, providenciou a sela própria para mulheres,que sentavam de lado,pois damas não usavam calça comprida;como complemento,um cochonil bem macio,esporas de prata,fortes rapazes para escoltá-las,pois os cangaceiros andaram por ali,descendo a serra do Tombador e tinham que estar preparados para o pior.
A chegada á fazenda,deixou  minha mãe   encantada ,pois,um mundo novo e diferente descortinava-se diante dela.A casa de farinha,o engenho,o pomar,o rio,o curral,a casa grande com mais de dez quartos,uma mesa de refeições,onde caberiam,sem apertos,uns trinta comensais,o povo simples e amistoso,para quem professora era uma espécie de deusa do saber,respeitada e mimada por todos.
No dia seguinte ela assumiu a classe;classe essa composta de adultos ,alguns com mais de trinta anos,que não sabiam ler nem escrever.
A matrícula foi hilária; minha mãe perguntava a data de nascimento ,mas,ninguém tinha registro,nem certidão,nada;então diziam:
-Ele nasceu quando o veio Jerônimo levantou a cumeeira da casa do Barreiro;pacientemente,minha mãe perguntava ao meu avô paterno   sobre o sucedido e ele respondia:
-Ah,foi em outubro de ´27;minha mãe colocava que o cabra nasceu em qualquer dia de 1927,outubro.
Outra chegava meio constrangida,pois tinha perdido o “assento” e não lembrava de nada;assento era o papelzinho onde se assentavam as datas familiares,pois,os mais pobres não tinham a Bíblia onde os mais abonados   assentava os acontecimentos importantes da família, criando um novo Gêneses.
Se minha mãe queria saber de vacinas,respondiam:
-No tempo da vourilha(varíola)ele foi avalcinado, adespois disso mais nunca.
Apesar do respeito pela professora,havia garotos que não gostavam de estudar e queriam era viver pelos matos,pegando passarinhos,livres,leves e soltos,subindo nos umbuzeiros ou raspando mandioca para fazer farinha .Assim,fugiam da escola e não aprendiam nada.
Um deles era o Fulgêncio,garoto levado,ágil como um cabrito,que se sentava no fundo para fugir mais rápido.
Um dia,chegou o Inspetor,que veio ver o progresso da classe;minha mãe preparou todos direitinho,a lição era  de Historia,descobrimento do Brasil;como o diabo arma,o Inspetor escolheu logo o Fulgêncio,por ser o menorzinho da classe,para responder:
-Quem descobriu o Brasil?
O garoto, nervoso,acostumado a ser culpado,com razão,de (quase)todos os mal feitos,respondeu;
-Nun fui eu Sr.Inspetor,eu juro.
O Inspetor insistiu na pergunta, ele negava,minha mãe vexada não sabia o que fazer,chegou a mãe do garoto,ouviu a demanda e falou firme pró Inspetor:
-Foi ele ,sim,dotô;esse minino é assim,faz as coisas,depois nega,tem a boca dura.
Quatro anos depois minha mãe se casava com meu pai,eu nasci em Salvador,mais voltei prá fazenda com três meses de idade,vivi lá até meus oito anos(ai que saudades que eu tenho...)e minha mãe ensinou lá quase quarenta anos.
Foi Diretora,Delegada Escolar,e,se alguém quiser  saber quantos  alunos ela ensinou as primeiras letras,que conte os fios dos seus cabelos brancos,que hoje repousam com Deus.

                 Minha mãe,aos 80 anos,53 de profissão
P.S:Neste texto homenageio todos os abnegados  professores e professoras  cuja luta em prol da Educação nos faz acreditar que nosso país tem jeito.





PROFESSORES,CONSTRUTORES DE UM NOVO BRASIL!

Palavra do leitor:
Caríssima amiga o meu muito obrigado pela lembrança no Dia do Professor.Na verdade somos nós,escritores,professores que no cotidiano constroem novos mundos,otimizando melhores dias para todos.Somos todos professores,sim,e professamos aquilo que acreditamos:a liberdade de criar como instrumento para uma vida melhor.É por isso que digo sempre que o meu Eu professor não acaba  em mim.Para nós,Parabéns.Cézar Ubaldo,escritor feirense.



quarta-feira, 5 de outubro de 2011

PARA HOMENAGEAR O" DIA DO POETA"




PROCURA DA POESIA

Não faças versos sobre acontecimentos. 
Não há criação nem morte perante a poesia. 
Diante dela, a vida é um sol estático, 
não aquece nem ilumina. 
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. 
Não faças poesia com o corpo, esse excelente, 
completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica. 
Tua gota de bile, 
tua careta de gozo ou dor no escuro são indiferentes. 
Não me reveles teus sentimentos, 
que se prevalecem de equívoco e tentam a longa viagem. 
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia. 
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz. 
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas. 
Não é música ouvida de passagem, 
rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma. 
O canto não é a natureza 
nem os homens em sociedade. 
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas) 
elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques, 
não indagues. Não percas tempo em mentir. 
Não te aborreças. 
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante, 
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família 
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável. 
Não recomponhas 
tua sepultada e merencória infância. 
Não osciles entre o espelho e a memória em dissipação. 
Que se dissipou, não era poesia. 
Que se partiu, cristal não era. 
Penetra surdamente no reino das palavras. 
Lá estão os poemas que esperam ser escritos. 
Estão paralisados, mas não há desespero, 
há calma e frescura na superfície intata. 
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. 
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. 
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. 
Espera que cada um se realize e consume 
com seu poder de palavra 
e seu poder de silêncio. 
Não forces o poema a desprender-se do limbo. 
Não colhas no chão o poema que se perdeu. 
Não adules o poema.
Aceita-o  como ele aceitará sua forma 
definitiva e concentrada no espaço. 
Chega mais perto e contempla as palavras. 
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra 
e te pergunta, sem interesse pela resposta, 
pobre ou terrível que lhe deres: 
Trouxeste a chave? 
Repara: 
ermas de melodia e conceito 
elas se refugiaram na noite, as palavras. 
Ainda úmidas e impregnadas de sono, 
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
 
Carlos Drummond de Andrade 






FRASES SOBRE OS POETAS

"O poeta deve ser um professor de esperança." (Jean Giono)

"Para que haja grandes poetas é preciso que haja também um grande público." (Walt Whitman)

"Ser poeta não é apenas dizer grandes coisas, mas ter uma voz reconhecível dentre todas as outras." (Mario Quintana)


"Os poetas odeiam o ódio e fazem guerra à guerra." (Pablo Neruda)

"A vida de um poeta é como uma flauta na qual Deus entoa sempre melodias novas." (Rabindranath Tagore)

"Os poetas são como os pássaros: a menor coisa os faz cantar." 
(François-René de Chateaubriand)


                                    ELA, A POESIA